É bastante difícil imaginar um tempo, a cerca de 13,7 bilhões de anos, quando todo o universo existiu como uma singularidade.
Como se isso não fosse bastante difícil de pensar, surge uma pergunta ainda mais difícil: O que existia pouco antes do big bang ocorrer?
Um Teólogo do século IV St. Augustine, argumentou sobre o que havia antes da criação do universo. Sua resposta? Tempo fez parte da criação de Deus, e simplesmente não havia "antes" que uma divindade poderia chamar de lar.
Armado com o melhor da física do século 20, Albert Einstein chegou a conclusões muito semelhantes com a sua teoria da relatividade. Basta considerar o efeito de massa no tempo. Massa esférica de um planeta deforma o tempo - fazendo o tempo corra um pouco mais lento para um ser humano em superfície do que um satélite em órbita. A diferença é muito pequena para notar, mas o tempo corre mais devagar mesmo para alguém que está ao lado de uma grande pedra do que para uma pessoa que está sozinho em um campo. A singularidade pré-big-bang apoderou de toda a massa do universo, efetivamente trazendo o tempo para uma paralisação.
Caso encerrado? Longe disso. Este é um dilema cosmológico que não vai ficar morto. Nas décadas seguintes a morte de Einstein, o advento da física quântica e uma série de novas teorias ressuscitaram perguntas sobre o pré-big bang no universo.
O embrião do Universo tinha dimensão zero. É o que chamam de "singularidade". E além da singularidade a ciência não consegue enxergar. O momento em que esse ponto começou a se expandir ficou conhecido como Big Bang. Na verdade, não teve "Bang", porque a expansão não fez barulho - não existe som no vácuo e, pior, essa explosão que foi sem nunca ter sido não aconteceu nem no vácuo, mas em lugar nenhum. Nós estamos dentro dela agora. Desde lá o Universo se propaga como se fosse uma bexiga enchendo num ambiente além da imaginação.
Para começar, as singularidades existem hoje mesmo. E são mais comuns do que parecem. Há um monte delas acima de nós agora mesmo. Dez milhões só na nossa galáxia. É que você as conhece por outro nome: buracos negros. Esses ralos cósmicos que sugam tudo o que aparece em seu caminho são basicamente pontos onde a força gravitacional é infinita. Além daí, a ciência não consegue enxergar. Não dá para saber o que acontece "do outro lado" de um buraco negro.
Aliás, perguntar isso é tão absurdo quanto questionar o que havia antes do Big Bang. Por causa do seguinte: grosso modo, quanto maior é a gravidade, menor é a velocidade com que o tempo passa para você. Diante de tantas coincidências, ele propôs o seguinte no final dos anos 90: que a singularidade de onde viemos era nada menos que a singularidade de um buraco negro de outro Universo. O Big Bang foi o começo do tempo e do espaço, certo? No interior de um buraco negro o tempo e o espaço acabam. A ideia de Smolin, então, é que estamos do outro lado de um buraco que existe em outro Universo. Sendo assim, nosso Cosmos tem um pai, um avô... E filhos, nascidos de seus próprios buracos negros. Segundo Smolin, os universos-filho herdam as características cosmológicas dos universos-pai, mas com pequenas variações.
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