Não dá pra entender... se a demanda cai, o preço teria que abaixar para se vender mais! Maioria das concessionárias em Londrina e nas grandes cidades ficam às moscas durante grande parte do dia. Caíram as vendas e os preços não... continuam os mesmos.
O cenário é igual nas concessionárias. Recepcionistas olham e não acham compradores, alguns vendedores andam em círculos enquanto outros conversam entre si. O tempo demora a passar e o medo do desemprego ecoa num silêncio angustiante, que só é quebrado quando raros compradores surgem à porta. Na maior parte das vezes, não fazem negócio.
Este cenário ilustra os números negativos que vêm sendo divulgados desde o ano passado sobre o setor automotivo. Caem a demanda, as vendas e a produção. Mas, curiosamente, não os preços. Enquanto as vendas recuaram 20% e a produção caiu 19% no acumulado do ano, os preços subiram. Um dos argumentos é a recomposição das alíquotas do imposto sobre produtos industrializados (IPI), que entrou em vigor no início do ano. Outro fator importante é o aumento dos custos, diz o economista. dizem que houve alta nos insumos importados, na energia, no transporte e nos combustíveis. Isso apertou as margens de lucro das empresas e elas decidiram repassar parte disso às revendas. O preço não cede nem mesmo com a demanda em queda. Os preços mais altos, o crédito mais caro e a incerteza do consumidor em relação ao próprio emprego fazem com que um círculo vicioso se forme no setor. Um estoque que antes servia para suprir 30 dias de comércio, agora dura pelo menos 50. "A tendência é que as montadoras reduzam a produção ainda mais", avalia o gerente comercial da concessionária. Na loja, eram vendidos cerca de 100 automóveis por mês no ano passado, quando a economia não estava lá muito aquecida. No final daquele ano, o volume recuou para 60 carros por mês. Agora, se as vendas chegam a 30, comemora-se. Esses números ajudam a explicar porque durante uma hora de conversa com o gerente, nenhum cliente entrou na loja.
"As concessionárias podem baixar os valores para aumentar a escala das vendas e desovar estoques. Mas, ao cortar preços, reduzem sua margem de lucro", diz Baggi. Segundo o economista, descontos podem surgir com mais facilidade, desde que os consumidores barganhem. "A bola está do lado do consumidor. O problema é que as famílias têm travado seu consumo devido ao momento econômico difícil", diz.
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