Errar é humano, mas ninguém gosta de errar. Quando o erro só a nós afeta, ficamos “P” da vida e juramos nunca mais. Quando prejudicamos alguém, ficamos arrasados. Se o erro acontece no trabalho, além de tudo isso, ficamos envergonhados, sujeitos a julgamentos e a outras consequências nada agradáveis. Mas, existe um lugar em que o erro é bem-vindo: o ambiente da inovação.
A inovação não ocorre da noite para o dia. Tudo bem que uma ideia pode surgir num sonho – eu mesma já escrevi artigos inteiros enquanto dormia, acordei desesperada por papel e caneta, com medo de abrir os olhos e esquecer de algum detalhe. Mas, quando seguimos em frente para validá-la, o que pensávamos estar perfeito pode se mostrar impreciso, nos forçando a retroceder, repensar e ajustar. Na inovação, quanto mais ousada e disruptiva a ideia, maiores são as chances de erro. Experimentar é uma fase crucial, pois só colocando em prática para ver o que acontece. É a oportunidade para corrigir, alinhar, melhorar o caminho até o objetivo. Então, errar faz parte; é aprendizado e evolução, não derrota.
Na compra pública, então, o medo de errar está colado nas consequências. “Posso errar, mas não muito”, quase que um erro consciente. Sim, isso existe e posso dar um exemplo. Todo mundo sabe das limitações e dificuldades de desvendar uma solução por meio de um estudo preliminar. Se a questão principal é econômica, então, a assimetria de informações público X privado pode ser decisiva. A turma da UFSC entendeu isso e mandou muito bem: para ter certeza de que contratar um dado serviço diretamente por 24 meses era vantajoso, buscaram a resposta na própria licitação. O edital previu dois lotes concorrentes, um com prazo inicial de 12 meses, prorrogável por até 60, e outro com 24, prorrogável por uma vez. Se não desse certo, bastaria anular a licitação, sem danos colaterais. Uma solução inteligente, mentada coletivamente, aplicada com responsabilidade. Sendo assim, medo de quê?
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