sexta-feira, 24 de junho de 2022

EU SOU DOUTOR SEM SABER LER!

 


poeta de cordel
Xilogravura representando o poeta Leandro 
                   Gomes de Barros

Se eu soubesse que esse mundo . Estava tão corrompido
Eu tinha feito uma greve . Porém não tinha nascido
Minha mãe não me dizia.  A queda da monarquia
Eu nasci, fui enganado.  Pra viver neste mundo
Magro, trapilho, corcundo, Além de tudo selado.

Assim mesmo meu avô. Quando eu pegava a chorar,
Ele dizia não chore . O tempo vai melhorar.
Eu de tolo acreditava. Por inocente esperava
Ainda me sentar num trono. Vovó para me distrair
Dizia tempo há de vir. Que dinheiro não tem dono.

Leandro Gomes de Barros nasceu em 1860 na Paraíba e 

começou a viver da escrita por volta dos 30 anos, até então,

 trabalhou em diversas funções.

Leandro foi um homem crítico, denunciando abusos de poder, abordando temas como política, religião, e acontecimentos importantes na época como a Guerra de Canudos e o cometa Halley.

Nesse poema As misérias da época, o autor exibe um descontentamento com a difícil condição humana frente às injustiças dos poderosos. Ao mesmo tempo, relata a esperança de dias melhores, combinada com uma certa frustração.

4. Ser nordestino - Bráulio Bessa

Sou o gibão do vaqueiro, sou cuscuz sou rapadura
Sou vida difícil e dura
Sou nordeste brasileiro
Sou cantador violeiro, sou alegria ao chover
Sou doutor sem saber ler, sou rico sem ser granfino
Quanto mais sou nordestino, mais tenho orgulho de ser
Da minha cabeça chata, do meu sotaque arrastado
Do nosso solo rachado, dessa gente maltratada
Quase sempre injustiçada, acostumada a sofrer
Mais mesmo nesse padecer eu sou feliz desde menino
Quanto mais sou nordestino, mais orgulho tenho de ser

Terra de cultura viva, Chico Anísio, Gonzagão de Renato Aragão
Ariano e Patativa. Gente boa, criativa
Isso só me dá prazer e hoje mais uma vez eu quero dizer
Muito obrigado ao destino, quanto mais sou nordestino
Mais tenho orgulho de ser.

Poeta cearense Bráulio Bessa, nascido em 1985.

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