“Mashallah – do Ártico à Ásia de bicicleta” conta parte da jornada do escritor e parceiro da The North Face, Isra Coifman, que saiu do sul do Brasil e pedalou mais de 27 mil km através de 31 países entre 2016 e 2019.
O livro é uma mescla de diário de bordo, narrativa de aventura, história e reflexões das experiências vividas em 19 países: Dinamarca, Finlândia, Rússia, Estônia, Letônia, Lituânia, Bielorrússia, Ucrânia, Moldávia, Romênia, Bulgária, Turquia, Geórgia, Armênia, Azerbaijão, Cazaquistão, Uzbequistão, Tajiquistão e Quirguistão. É um manifesto sobre como não se aprisionar no próprio grito de liberdade e permanecer no sonho, mesmo que a viagem acabe.
Encante-se:
“Estávamos em nosso primeiro istão, mais precisamente na região dos sete istãos — ou seven stans. O sufixo stan vem do persa e é equivalente ao inglês land. Significa terra, território ou nação, assim como encontramos em Iceland, Ireland, Scotland etc. Dos sete istãos, cinco estão na Ásia Central: Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Tajiquistão e Quirguistão. Completam a lista Afeganistão e Paquistão, localizados no sul do continente, mas que fazem fronteira com alguns dos vizinhos mencionados. O prefixo kozak em russo também é encontrado como kazak em turco e, em ambos os idiomas, tem o mesmo significado: nômade, homem livre, errante. Se nos aprofundarmos nas origens das línguas indo-europeias, vamos encontrar ainda mais referências ao estilo de vida que escolhi levar. Em tcheco, stan significa barraca; em búlgaro, acampamento, e em russo, assentamento.
Como dois cazaques que carregam o próprio istão na bicicleta, eu e Pascal (o meu amigo suíço da foto) seguimos atravessando aquele deserto rumo à Pamir Highway.”
“A fusão de contemplação e sofrimento atingiu seu ápice na manhã seguinte, quando cheguei ao ponto mais alto do Wakhan. Com indisposição e dores de cabeça por conta da altitude, avancei os oito quilômetros restantes e alcancei o passo Kargush, 4.344 metros acima do nível do mar. Há muitas viagens dentro da Pamir. A experiência é um paradoxo repleto de clichês, como o desejo de chegar logo versus a excitação de não querer que a viagem termine. Uma antirromantização do sofrimento, que traz à flor da pele mais ódio do que amor. E que nos faz ver beleza nas pequenas vitórias — como conseguir prender a barraca no chão e não se abalar por perder parte do jantar após um dia de sacrifícios. O temido Wakhan Valley havia ficado para trás. Uma viagem espetacular que redefiniu os meus limites. Apesar de devastado, saí dele mais forte.”
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