Em termos gerais, esta obra de Tarsila do Amaral é caracterizada pelas cores vivas, mas, principalmente, pela temática original, tomando por base as lendas da cultura popular brasileira.
Na verdade, este é um dos principais elementos da obra e, segundo a própria pintora, a lenda inspiradora se referia a um gigante que se despedaçava e se recompunha, sempre de forma imperfeita.
Não por acaso, uma lenda que teria ouvido das mulheres negras que trabalhavam na propriedade em que vivia quando mais jovem e, por isso, além de representar a lenda em si, também funciona como uma alegoria valorizadora do trabalho.
Dos pés enormes à cabeça diminuta do gigante disforme, Tarsila escolhia dar destaque aos pés, em referência ao trabalho pesado, daqueles que estão sempre com os pés firmemente presos ao chão.
Mas, há inúmeras formas de se ler e interpretar a pintura e podemos dizer que o Abaporu moderno não é o mesmo que foi terminado em 1928, mas a soma das inúmeras perspectivas geradas pela obra ao longo de sua existência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário