O elevador do prédio onde moro é um tédio. Subo e desço desconfortável. Hoje, esperar o elevador sem ter um celular às mãos periga virar uma agonia insuportável, mas até há alguns anos era somente uma pequena pausa natural da vida. A internet surgiu como melhor amiga da curiosidade. Talvez quando olharmos para os anos de 1994 a 2002, eles possam ser vistos como o momento em que a rede se desenvolvia impulsionada pelo desejo das pessoas de encontrar, arquivar e disseminar o conhecimento humano. Sobre isso, vale dizer que uma boa parte do progresso humano foi provocado justamente pela busca do que fazer para acabar com tédio. Hoje, no entanto, enquanto o elevador não chega, dá tempo de mandar umas três mensagens pelo WhatsApp, checar os likes do Instagram, olhar se alguém nos adicionou no Facebook e muito mais. Esperar o elevador sem ter um celular às mãos periga virar uma agonia insuportável: dez inaceitáveis segundos de tédio. Elevador lotado e vários com celulares ligados. Ninguém enxerga ninguém. Estamos juntos como sardinhas em lata. Sobe o elevador. O tédio continua no silêncio de todos. Não se houve nenhuma palavra. Que mundo é esse?
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