Cobrança de mensalidades dos alunos mais ricos pode
melhorar a educação pública no país!
Um outro caminho para a implantação de um programa
como esse no Brasil, sem aumentar o já comprometido orçamento público, seria a
utilização de recursos obtidos por meio da cobrança parcial de mensalidade nas
instituições públicas de ensino superior, a fim de compor um fundo de
financiamento para a educação básica. Hoje as vagas em cursos universitários
públicos são custeadas por impostos pagos por toda a sociedade, mas ocupadas
majoritariamente por estudantes de maior renda. Com isso, há uma transferência indireta
de recursos dos mais pobres, que pagam a conta, para os mais ricos, que
aproveitam o curso superior “gratuito”. Essa lógica pode ser invertida com a
cobrança de mensalidade nas universidades, com descontos parciais para alunos
das classes intermediárias e integrais para alunos de menor renda.
O pesquisadores demonstram que o custo anual por aluno na educação
básica no Brasil era de R$ 7.230, em valores de 2018 (dados do INEP) ou R$
602,50 por mês, que pode servir de referência para a criação de um sistema de
voucher de até R$ 600,00 mensais, de valor escalonado de acordo com a renda
familiar. O escalonamento teria como referência as 5 faixas de renda da
PNAD/IBGE, na qual o primeiro quintil é a mais pobre.
Como exemplo, o estudo propõe separar
como público-alvo hipotético um contingente de um milhão de alunos matriculados
na rede pública. O montante despendido pelo poder público para custear a
educação deste grupo representaria um total de R$ 600 milhões mensais, em
valores de 2018.
Se fossem oferecidos vouchers integrais
no valor de R$ 600 para 39,5% desse grupo de alunos, que representam o
percentual de alunos do 1º quintil de renda no ensino fundamental, a despesa
para esta faixa de renda somaria R$ 237 milhões. Para os 27,9% dos alunos que
pertencem ao 2º quartil de renda, o voucher unitário seria de R$ 450, o que
representaria um total de R$ 125,55 milhões para a faixa. Para o 3º quintil,
16,9% dos alunos receberiam um voucher de 50%, ou seja, R$ 300, perfazendo um
total de 50,7 milhões para essa faixa. Os alunos do 4º quintil receberiam uma
ajuda menor: R$ 150 mensais, apenas como complemento, chegando a um total de R$
16,95 milhões mensais. Já os alunos do 5º quintil de renda (4,3% do total) não
seriam elegíveis para o programa.
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