“Por fora bela viola, por dentro pão bolorento!”
Quem nunca ouviu essa expressão vinda dos avós? Eu passei minha infância escutando e confesso: eu não entendia muito bem o que eles queria dizer com ela. Passei muito tempo até compreender o que meus avós queria dizer com essa expressão comum e de grande significado. Como somos ingênuos, sem malícias na infância, não é? Estou há alguns dias pensando nisso... refletindo sobre tudo que estamos vivendo atualmente e o significado profundo se “por fora bela viola, por dentro pão bolorento”. Não são poucas as vezes que eu venho batendo nessa tecla, porém, como não vejo muitas mudanças, continuo a pensar. Atualmente, vejo o aumento do número de academias, centros estéticos, lojas, pessoas que sobrevivem da venda de “herbalife” e produtos do tipo. Uma população preocupada com a beleza estética e fazendo de tudo (de tudooooo mesmooooo) para conquistar a “magreza” idealizada ou a eterna juventude. Que caos! Não que não devemos cuidar do nosso corpo, somos templos do Espírito Santo e cuidar do corpo é oferece uma boa morada para o Espírito. Mas, estou falando dos extremos e dos absurdos que vemos rotineiramente. Uma boa parcela da sociedade tem começado a se conscientizar da importância da saúde mental, como precursora da saúde física e espiritual. Mas, porém, contudo, todavia... as pessoas não têm se olhado de forma carinhosa. Compram a verdade da beleza externa e estão muito pouco interessadas na beleza interna, ou melhor, em ser “bona” gente, com virtudes e características admiráveis. Aquele que é bom é aquele que tem mais. O admirável é aquele que fala tudo que pensa. Atrai olhares as fotos bonitinhas e cheias de pose para postar nas redes sociais com frases pré-montadas e cheias de falsidade. Por fora bela viola: usa maquiagem, roupas de grife, carro da moda, cabelo desenhado. O salto é o seu pedestal e as impressões superficiais é que tanto encantam...Por dentro, pão bolorento: mas se chegarmos perto, conviver e desvendar o que está por trás de toda a “pompa” está um ser humano desprezível, no sentido de que não se faz caridoso, bondoso, amável, sincero. Veste o coração de amargura e de ressentimento. Pega todas as ervas daninhas e cultiva no olhar, na fala e nas atitudes. Basta olhar mais de perto e você verá que não consegue ter bons amigos, família unida e que as pessoas que o cercam têm apenas utilidades. Para mim, viver de aparências deve ser uma das coisas mais difíceis, mas eu confesso que as acho inteligentes, pois só alguém com muita capacidade intelectual para conseguir manter as máscaras da podridão por muito tempo. Há quem consiga, há quem se entrega...Me entenda, a inteligência pode ser uma características das mentes perversas ou, psicóticas (o que não é muita vantagem). Nós, meros mortais, temos a capacidade de escolha das nossas ações. Podemos escolher espalhar amor ou espalhar dor. Podemos plantar a semente da bondade e caridade ou a semente da discórdia e da arrogância. Porém, iremos colher aquilo que plantamos, isso é certo. Sementes boas não dão frutos ruins! Assim como os fariseus e mestre das leis, nós também somos tentados a manter um comportamento de fachada. Podemos enganar a alguns ou, quem sabe, a muitos, mas não enganamos todo mundo; não enganamos a nós mesmos e, muito menos, a Deus. Fariseus e mestres da Lei deveriam liderar o povo, contribuir para que este não se afastasse do caminho correto. Tal pastoreio, contudo, ficava comprometido à medida que o seu exemplo não se fundava na verdade, mas numa falsa devoção. Jesus deu-nos exemplos inequívocos de amor ao próximo, de tolerância e de inclusão. Nem por isso deixou de ralhar com a turma das “duas caras”, do “um peso, duas medidas”, das conveniências. Justiça, misericórdia e fidelidade, atitudes explicitamente salientadas por Jesus, parecem continuar em falta hoje em dia. Estão mais presentes nos dicionários, como vocábulos, do que na realidade do cotidiano, em que o secundário ocupa o lugar do fundamental. Por fora, bela viola. Por dentro, pão bolorento. O que você tem sido? Luciene Cazaroto
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