quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

CRÔNICA: "NADA DO QUE FOI SERÁ DE NOVO DO JEITO QUE JÁ FOI UM DIA!"

 



Nos meus tempos de juventude a gente vivia melhor. Lambuzava comendo carne de porco, frango frito na hora do almoço, arroz e feijão bem temperados dando aquele sabor delicioso. A comida no fogão a lenha ficava mais gostosa, não me lembro de comida feita com óleo e a sobremesa era arroz doce, com canela, um prato cheio para cada um. Morando em Centenário do Sul, lugar pequeno, a distração à noite era ir ao cinema. Éramos proprietários do Cine Paraná, eu locutor do alto-falantes, enfim a família do Sr. Aristeu tocava o cinema. Os jovens após assistir o filme ia dar umas voltas... buscava um bar para tomar uma cerveja, refrigerante ou sorvete. 
              Às vezes ficávamos na praça da matriz passeando ou simplesmente sentados nos bancos. Quando veio a televisão, pouca gente possuía o aparelho, muitos visitavam os amigos para ver alguma atração. A televisão tinha poucos canais saía do ar depois de certo horário, o Bombril era na antena e o ajuste da horizontal era uma técnica. O futebol era na rua, datas vazias, "as peladas" aconteciam e os escorregões eram normais na disputa da bola. Puxa como era bom este entrosamento, o coleguismo! O nosso som era legal, rádio, vitrola e bons tempos em que se rebobinava fita K-7 na caneta, alugava filmes no VHS. 
                 Para conquistar as meninas o topete era legal o cabelo era arranjado com ajuda de brilhantina, dando estilo Elvis Presley. O protetor solar era Hipoglós, as mães usavam um bronzeador , não se lembra de que marca, e não havia preocupação com as pintas e manchas irregulares da pele. Não se falava tanto em doenças como hoje.  O super homem era nosso herói, pelé era nosso craque do futebol, Roberto Carlos nosso ídolo. Ah, esses momentos que não voltam mais. Saindo dos sonhos vemos a realidade. Temos que colocar na cabeça: que passou, passou recordar o passado é sofrer duas vezes mais. 
                Parece que ficamos mais velhos quando estamos presos em momentos levados através da poeira inexorável do tempo. Como esquecer coisas boas do passado? É um filme que passa em nossa cabeça. Não há como escapar de nosso passado não há como não pensar.

               Que mundão desarmônico... O que era certo hoje não o é mais. Hoje somos aprisionados pela comunicação. Não temos sossego, não há um segundo em que não somos alertados pela comunicação. Mensagens no WhatsApp, celular chama, o wi-fi aciona, não temos descanso, quando não é a internet é a televisão... não dá pra escapar vivemos numa prisão.  O mundo é outro. A privacidade já era. Adianta chorar? Lamentar? Não é a modernidade que tira nossa tranquilidade. Será que buscar o passado é a maneira mais fácil de proteger, pensar nas coisas simples e colocar de lado tudo isto que às vezes atrapalha? É “nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”... mas continuo a sonhar com os tempos de rapaz que se foi num zás-trás! Hoje vivo a vida que Deus me dá, agradecendo cada instante e satisfeito de continuar vivendo e amando tudo que tenho!!!

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