domingo, 12 de fevereiro de 2023

OS ARTESÃOS TRANSFORMAM O BARRO EM ARTE!

 

          É um mineral riquíssimo, composto por magnésio, cal, alumínio, ferro, sódio, potássio, alumínio, sílica e titânio. É bastante comum e bem fácil de encontrar. Além de ser muito usada em tratamentos medicinais, devido a seus vários benefícios para a pele, é bastante usada ainda para fins estéticos.
          São vários os tipos de argila presentes no mundo, com pigmentos e cores diferentes, como verde, amarela, branca, marrom, vermelha, rosa, cinza e preta.
          Além do uso terapêutico e estético, a argila é bastante usada no artesanato, como matéria principal, sem adição de outro material. Na fabricação de telhas, tijolos porcelanas, louças, pias e vasos sanitários, etc., a argila é usada como complemento a outro material, já que permite o rápido endurecimento da massa, dando assim mais resistência aos produtos. 
O Vale do Jequitinhonha

          Em Minas Gerais, a argila é bastante usada para fins medicinais e terapêuticos. É também a argila, que dá vida e cores ao artesanato mineiro, principalmente no Vale do Jequitinhonha, uma região mineira formada por 55 municípios, a Nordeste de Minas.
       
A transformação da argila em tinta e em arte
          A argila dá vida a um dos mais valiosos artesanatos do mundo, o artesanato em barro do Vale do Jequitinhonha. Além do artesanato, do próprio barro do Jequitinhonha, saem as cores que dão vida às peças. 

          As pinturas, nas peças em argila, não são feitas com tinta e sim com pigmentos das diferentes tonalidades de cores das argilas. Trata-se da própria argila, triturada e peneirada. 
           Coloca o pó peneirado em um pote com água, mistura e deixa curtindo bem. Em seguida, coa-se bem para que não fique nenhum grão de areia, para não atrapalhar a pintura ou estragar a peça. Deve-se deixar o barro curtir bem em um pote, para que fique bom.

                  
Patrimônio Cultural de Minas Gerais
          O artesanato do Vale do Jequitinhonha é totalmente artesanal, desde a extração do barro, preparação dos pigmentos para o oleio, moldagem das peças, até sua queima, nos fornos.
         
          No Vale do Jequitinhonha, o artesanato está presente em todos os 55 municípios. É um complemento na renda de milhares de família e às vezes, a única fonte de renda muitas famílias. 
          Destaque para as cidades de Santana do Araçuaí, distrito de  Ponto dos Volantes, famosa pelas bonecas da Dona Isabel. Do artesanato de Pasmado em Itaobim e Pasmadinho, em Itinga. Além de Campo Alegre, Coqueiro Campo e Campo Buriti, comunidades rurais, entre Minas Novas e Turmalina, com grande tradição no artesanato em argila.
          A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco), diz que um patrimônio cultural imaterial: “São práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto com instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades ou grupos, e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural”.
          Segundo a Unesco: “Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e grupos, em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo para promover o respeito à diversidade cultura e à criatividade humana”.
A artesã Lilia Xavier
          Em uma dessas comunidades, Campo Alegre, nasceu, em 1988, Lilia Xavier, artesã, já na quarta geração de sua família.
a mãe, Sergina Xavier, hoje, com 54 anos, que aprendeu com sua avó, Maria Gomes Ferreira, hoje com 85 anos, que aprendeu com sua bisavó, Augusta Gomes Ferreira, já falecida, que aprendeu com sua trisavó, Rosa Gomes Ferreira. (na foto acima de Michel/Sebrae, as três últimas gerações de artesãs da família)
          Lilia Xavier, hoje com 33 anos, conta que cresceu vendo sua mãe buscar a argila no mato e a fazer as peças. Incentivada por sua mãe, aos 10 anos de idade, já fazia peças, e as vendia. Eram pequenas peças, do imaginário de uma criança, como porquinhos, pintinhos, sapinhos, etc.
           Com o passar do tempo, foi aprimorando seus conhecimentos e práticas, sempre incentivada por sua mãe e avó. Hoje, seu artesanato tem identidade própria, sua leitura pessoal da realidade e sua própria forma de entender a arte, moldada em barro, detalhes e cores vivas das pinturas que faz, em suas peças.
          A menina que fazia pequenos bichinhos com o barro, hoje transforma esse mesmo barro em filtros, queijeiras, moringas, cachepô, jogo de prato, copos, pratos, bonecas, galinha em tamanho natural, potes, flores, pimenteiras, sopeiras, vasos, etc.
          Além disso, Lilia Xavier, foi a primeira artesã do Vale a fazer queijeiras. Quem deu a ideia e mostrou o modelo, para que a artesã fizesse, fui eu, Arnaldo Silva. Para mim, queijo é a maior identidade mineira e nada melhor que ter uma queijeira em casa, bem no estilo tradicional da arte em barro do Vale do Jequitinhonha. Queijeira está presente nas casas dos mineiros, porque queijo não falta nunca na cozinha mineira. Melhor ainda colocar o queijo numa queijeira feita pelas mãos talentosas das artesãs do Vale. 

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