Traduzir os sentimentos em palavras pode ser uma tarefa complicada. É por isso que os gregos tinham oito palavras diferentes para se referir a algo que, atualmente, nós resumimos como “amor”. Entre esses conceitos, talvez o chamado “amor platônico” seja o mais difundido na nossa cultura, ainda que muita gente o interprete de forma equivocada.
Quem cunhou o termo “amor platônico” foi o filósofo italiano Marsilio Ficino, no século XV. Na época, ele usou essas palavras como sinônimo para o “amor socrático”. Esse amor seria focado no caráter de alguém, na sua inteligência e não nas suas atribuições físicas. O filósofo grego Platão acreditava que esse era o amor que existia entre Sócrates e seus discípulos.
No livro O Banquete, Platão narra as várias definições do amor. Essas definições teriam sido dadas por diferentes filósofos durante um jantar. Sócrates, o convidado de honra desse encontro, disse que o amor estava atrelado ao desejo por aquilo que falta, pois ninguém desejaria aquilo que tem.Já Eriximaco disse que o amor estava presente em tudo, bastando que as pessoas se permitissem observá-lo. Aristófanes, por outro lado, abordou um tema que faz parte da nossa cultura e está presente em filmes, novelas e séries: a ideia da “cara-metade”. A ideia geral defendida por ele é que as pessoas teriam sido amaldiçoadas, perdendo metade de si. O amor estaria atrelado à busca pela parte que falta, sendo essa parte um homem ou uma mulher.
Atualmente, o “amor platônico” se tornou sinônimo de amor não correspondido, mas isso não está certo. O chamado “mundo platônico” seria o mundo idealizado, ou seja, aquele mundo que só existe na nossa imaginação. Ele é perfeito.
Portanto, resumidamente, o amor platônico seria um amor que é idealizado. O problema é que esse amor idealizado não existe no mundo real, pois a pessoa amada é diferente daquela que habita nossa imaginação — quem sabe isso explique a decepção que muitas pessoas sentem ao conhecer de perto as pessoas que amam.
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