NÃO SOBROU UM ÚNICO PÉ DE CAFÉ!
A história de Londrina nos mostra muita tristeza. A primeira década após a fundação foi uma fase de desenvolvimento comercial. Aconteceu um fortalecimento da estrutura comercial de Londrina, o setor industrial limitava-se a ordenar a matéria prima regional (máquinas de café e cereais), mantendo a dependência em relação a outros centros urbanos com maior grau de industrialização. Londrina, nos anos 1950, emergiu no cenário nacional como importante cidade do interior do Brasil. Naquele período, apresentou considerada expansão urbana em razão da produção cafeeira, o que levou à intensificação do setor primário de toda região. Na década de 1950, a população passou de 20.000 habitantes para 75.000, sendo que quase metade se encontrava na área rural. No entanto, na década de 1960, a cultura cafeeira demonstrou os primeiros sinais de esgotamento. Segundo Oliveira, D. (2001), alguns fatores levaram ao processo de declínio, entre eles: as superproduções nas safras dos anos de 1950 e o confisco cambial dos exportadores realizado pelo governo de Juscelino Kubitschek. O historiador destaca, também, que as intensas geadas no final dos anos de 1960 e início da década de 1970 foram decisivas para a erradicação dos cafezais. Em 1975, a Geada Negra que atingiu agressivamente o norte do Paraná, selou o fim desse ciclo econômico, como podemos observar nas palavras do metereologista Daniel Panobianco: Foi no amanhecer de 18 de julho de 1975, há 35 anos, que uma das geadas mais intensas do século passado reduziu a zero a área cultivada com café no Estado do Paraná. Em escala maior, o próprio Paraná nunca mais foi o mesmo. Aquela manhã fria, aliada a outros fatos ocorridos na mesma época, disparou uma série de transformações econômicas e demográficas que fizeram do Estado o que ele é hoje. As estatísticas dão uma dimensão grandiosa dos eventos daquele dia. Na safra de 1975, cuja colheita já havia sido encerrada antes da geada, o Paraná havia colhido 10,2 milhões de sacas de café, 48% da produção brasileira. Era o maior centro mundial nessa cultura e tinha uma produtividade superior à média nacional. No ano seguinte, a produção foi de 3,8 mil sacas. Nenhum grão de café chegou a ser exportado e a participação paranaense na produção brasileira caiu para 0,1%. Nos dias seguintes já começava a consolidar-se uma idéia de que o estrago seria duradouro. O governador Jayme Canet Júnior anunciava que o orçamento do Estado seria reduzido em 20% no ano seguinte. O prognóstico dos especialistas era de que o prejuízo chegaria a Cr$ 600 milhões (o equivalente, pela cotação da época, a US$ 75 milhões), apenas nas lavouras de café. Outras culturas, como o trigo, também sofreram perdas importantes, de mais de 50%. Mas era o café que sustentava a economia do Paraná naquela época – uma situação que mudaria logo em seguida, já que os cafeicultores nunca mais se recuperariam desse impacto. (PANOBIANCO, 2010, p. 2) A catástrofe ocorrida com as lavouras de café foi noticiada por vários jornais cujas manchetes expressavam claramente a situação desoladora das plantações e a 56 preocupação com o reflexo do ocorrido na economia do Brasil, assim como o futuro da cultura do café no país. Figura 7 – Primeira página da Folha de Londrina no dia seguinte à Geada Negra
Fonte: http://www.sintracoop.com.br Esse passado recente de Londrina, constitui um imaginário que permeia a cultura regional até os dias de hoje, mesmo não tendo sido um ciclo econômico duradouro na história do estado, as memórias dos tempos do “ouro verde” estão presentes no cotidiano da cidade e são preservadas, com certo saudosismo, pelo povo londrinense.
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