A ETERNA JUVENTUDE
___Taís Luso de Carvalho ao Blog do Osvaldo Ribeiro
Estamos num tempo em que é proibido envelhecer. Lembro que minha avó, minha mãe, minhas tias envelheceram alegres e com muita dignidade. Envelhecer era natural, pé no chão, sem traumas. Coisa normal. Eu nem notava que minha mãe estava envelhecendo, tal seu espírito alegre.Cada uma delas curtia sua idade, vivenciava as etapas da vida com classe e com paz. Homem com cabelo grisalho é charmoso; mulher é descuidada. Homem com barriguinha é macho; mulher é desleixada e comilona. Homem com rugas é sábio; a mulher se cobre de cremes anti-rugas. Homem 'muito' magro faz parte de um movimento cultural de vanguarda; mulher está anoréxica. Que coisa patética. Por que não se fala nas experiências que adquirimos, nas etapas que vencemos, nas nossas histórias de vida, na família que construímos, nas dores que sentimos por uma vida melhor? Envelhecer, hoje, é um ato de bravura; é superação. Quando o homem chega nos 90 anos, o quadro que pintam é lindo, chega a ser apoteótico seu final. Contudo, a mulherada está vivendo uma enorme transformação: malhando como loucas, com músculos dos pés ao pescoço... Envelhecer não é nada mais do que etapas da vida que precisam ser vividas. Cuidados com o corpo e exercícios é uma coisa; fixar-se numa juventude eterna é obsessão. A fixação por entrar na modinha das filhas, é desanimador sobre o ponto de vista de equilíbrio emocional. Os animais envelhecem, envelhecem as plantas, os rios, as matas, o planeta. Mas quando atinge os humanos, a coisa se torna problemática. Capacidade, amizade sabedoria, amor e beleza encontramos no espírito das pessoas de qualquer idade e não nesses números. O espírito não tem idade; pode ser bonito e encantador a vida inteira.
Ou muito triste.
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