quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

VIOLÊNCIA E CRUELDADE SÃO "PRODUTOS" SENSACIONALISTAS QUE DÃO AUDIÊNCIA!

 


 


        Ligo o rádio, vejo na TV, leio nos jornais as manchetes ocupam espaço com sensacionalismo da violência e crueldades... muitos repórteres viram artistas para falar sobre coisas que entristecem a todos.  

Isto me faz lembrar do filme O Abutre (2014), de Dan Gilroy com Jake Gyllenhaal, é relatada a vida de um jovem desempregado que vive de vendas de ferros roubados para se sustentar, quando decide entrar no jornalismo independente de Los Angeles por considerar um ramo fácil e promissor.

Para se manter nos negócios e lucrar, seu foco gira em torno de correr atrás de crimes, acidentes chocantes, invadir a privacidade alheia, tudo isto para comercializar suas imagens para veículos de comunicação interessados em mostrar fatalidades todos os dias nas telas, para terem audiência, porque não possuem a capacidade de noticiar acontecimentos relevantes sem deixar que a ambição seja menor que a sua humanidade e o respeito ao próximo.

 

Extrapolando a ética jornalística

A obra nos faz uma reflexão do que é o sensacionalismo no jornalismo. A função do jornalismo é informar e ajudar a sociedade, não agradar, mas infelizmente essa essência é deixada para trás e substituída por notícias sem a menor relevância, porém que agradam ao público.

A ética jornalística se fundamenta na veracidade dos fatos, na honestidade das notícias e na objetividade das informações transmitidas para o público, Já o sensacionalismo tem como foco explorar de modo exagerado o extraordinário, tendo como ferramentas principais o uso da linguagem e das imagens chocantes, que prendem a atenção, criando com isso uma sociedade de espetáculos.

O produto principal deste desvio jornalístico é violência, acidentes, tragédias, escândalos, o que apela às emoções positivas e negativas do espectador.

O sensacionalismo é um produto da indústria cultural, que ao invés de seguir os padrões do jornalismo clássico, isento e informativo, seguem suas próprias ideologias e transformam as informações em espetáculos violentos, para terem mais audiência e público, tornando assim principalmente o telespectador em um consumidor de desastres impetuosos.

Segundo os autores Adorno e Horkheimer (1985), estudiosos da indústria cultural, “a atrofia da imaginação e da espontaneidade do consumismo cultural não precisa ser reduzida a mecanismos psicológicos. Os próprios produtos (…) paralisam essas capacidades em virtude de sua própria constituição objetiva”.

Com isso, podemos observar como a indústria cultural do sensacionalismo funciona: tem como objetivo transmitir de modo manipulado ideologias através de seus espetáculos, tornando o público marionetes incapazes de formarem suas próprias opiniões. É compreensível entender que, para ser um jornalista não é necessário ter um diploma, afinal o jornalismo de hoje em dia (o sensacionalista), não exige qualidade, veracidade, conteúdos informativos e relevantes, mas sim calamidades, fatalidades, catástrofes e desastres expostos de maneira exagerada e sem princípios para atrair espectadores e visar lucros. 

O discurso que notabilizou o jornalismo enquanto quarto poder defendia a fiscalização dos poderes constituídos (Legislativo, Executivo e Judiciário), tendo a função ser ponte entres essas instâncias e a sociedade. Trouxe clareza nas ações, benefícios para a população e colaborou com a constituição de uma cidadania com valores éticos e compromisso com a verdade.

Porém, com o passar do tempo, principalmente com a globalização econômica, o jornalismo se uniu aos outros três poderes para implantar na sociedade suas próprias ideologias e manipular. Infelizmente não dá para prever o final do processo de alienação, mas compete aos “jornalistas de verdade”, que se denominam o  poder, buscar salvar a essência da profissão.


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