segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

O QUE EU TENHO A VER COM ISSO?

 

Estávamos nos últimos dias de fevereiro de 2020 quando recebemos a notícia. Uma nova doença, que até então parecia distante, chegara ao Brasil. Em pouco tempo, instalou-se o pânico. Ainda não sabíamos da gravidade da pandemia, mas era claro que o caos seria bem maior entre as regiões e populações mais vulneráveis. A pobreza, a miséria, a fome e a falta de acesso à saúde básica já eram urgências no País. A situação se agravou e entramos em estado de emergência. Descobrimos que somos capazes de nos organizar e reagir a tempo. Compreendemos as necessidades que já existiam e, sob pressão, a solidariedade brotou. A grande lição é que podemos ser uma nação solidária. O tempo nos dirá se aprendemos nosso dever de estar sempre alerta sobre as desigualdades sociais e os problemas estruturantes do País, para que essa chama se perpetue sem necessitar de uma emergência para ser acesa. Nos conscientizamos de que precisamos agir e fortalecer esse novo caminho de articulação social. Um coletivo inteligente capaz de achar alternativas que gerem legados para uma sociedade. A solução é coletiva porque os problemas são complexos e envolvem a todos, Esse foi o grande ensinamento: somos interdependentes. Se o meu vizinho fica doente, meu risco é maior; se eu me cuido, cuido dos que estão ao meu redor. O vírus nos mostrou que não há barreiras entre os países, que o rico e o pobre podem ser afetados, que o remédio pode vir de outro lado do planeta. O bem de todos depende de cada um. A crise reforçou a importância da inteligência coletiva coordenada e das redes colaborativas. O legado são ações para atender necessidades de saúde, desemprego e fome. A emergência vai passar, mas a urgência continua. Vamos trocar a pergunta do título deste artigo pela reflexão que nos deixou Martin Luther King: “A pergunta mais urgente e recorrente da vida é: ‘O que você está fazendo pelos outros?’.”

                                                       Carola Matarazzo 



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