A Família - Lasar Segall / 1891 - 1957 |
- Taís Luso de Carvalho
A fase da infância permanece muito forte na nossa memória, nesse nosso longo andar.
Sem dúvida, jamais esqueceremos daqueles tempos saudosos, dias muito felizes com nossos pais e parentes. Mas, como nem tudo são flores, há também o lado dolorido da infância, pois criança quando quer... quer, e conforme as coisas abrem um "bocão" em qualquer lugar, seja no ônibus, no avião, no supermercado, no shopping ou numa Igreja. A palavra “não” para muitas crianças vira tortura e escândalo!
Mas a vida nunca foi fácil para ninguém, alguns lembram apenas de tempos complicados; outros, lembram mais de coisas positivas que aconteceram em suas vidas.
Muitos filhos acham que foram os escolhidos para as desventuras, para as desgraças, para a ausência de sua felicidade. Por outro lado, os pais também dão seus tropeços, mas vejo isso com naturalidade, quando não há maus tratos no relacionamento. O importante é o amor presente.
Mas, chega a hora que mudamos de lado, deixamos de ser filhos para sermos pais. Não são os pais e filhos que erram, o ser humano em qualquer fase de suas vidas mostra suas falhas. Porém, há situações que não merecem ser carregadas no coração e na mente para o resto de nossas vidas. Tempos felizes e tempos difíceis, assim é a vida de todos nós no planetinha.
Muitas pessoas na condição de filhos, ainda em formação, pensam subirem um Calvário, que são os azarados sobre a Terra, e estão prontos a julgar e condenar seus pais e o mundo inteiro. Sentem-se aliviados quando julgam e condenam. Vira vício.
Se os filhos olhassem para seus pais, com um pouco de generosidade, saberiam que educar não é tarefa fácil. Educar é prazer, amor, mas também muita preocupação e responsabilidade para que os filhos cresçam corajosos, generosos, saudáveis de corpo e mente.
Na verdade, as pessoas buscam viver com paz e morrer com dignidade, salvo as exceções. Esse é o nosso foco, encarar as dificuldades nos fortalece. Não vale a pena reviver mágoas passadas e andar caçando culpados pelas nossas frustrações ou nossa vulnerabilidade.
Vejo que para muitas pessoas a felicidade é difícil por viverem mais no passado do que no presente.
Lembro-me de algumas obras de arte que me pareciam belas, quando vistas de longe, mas ao chegar bem perto, não eram tão belas quanto me pareciam: traços pesados, sem leveza, sem encanto. Isso existe, é fato.
E assim é a vida, e assim também somos nós.
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