segunda-feira, 16 de setembro de 2024

LEMBRANÇAS DA FUNDAÇÃO DE LONDRINA

 

DATA FUNDAÇÃO LONDRINA PARANÁ 21 DE AGOSTO 1929

Por Paulo Briguet

Quase todas as cidades têm os seus mitos.A diferença é que o mito fundador de Londrina está muito mais próximo no tempo do que o cemitério de mamutes em Londres; do que os gêmeos Rômulo e Remo alimentados pela loba; do que o herói Ulisses em terras lusas; e mesmo do que os jesuítas que ergueram umascolinha no Planalto de Piratininga. Londrina começou a nascer há exatos 80 anos, na hojeconhecido como Marco Zero o   chefiada por George Craig Smith, um paulista descendente de ingleses;ele comandgrupo de homens com diferentes nacionalidades e origens étnicas.Se estivesse vivo, Craig Smith teria 100 anos. Isso quer dizer que ele tinha apenas 20 quando chegou à futura Londrina. a “Boca do Sertão”) e chegou a Jathay (hoje Jataizinho), um misto de entre posto militar e aldeamento localizado às margens do Rio Tibagi. A caravana pioneira partiu de Jathay na madrugada de 20 de agosto e utilizou um antigo picadão para vencer os 16 quilômetros até que o engenheiro e agrimensor Alexandre Razgulaeff disse:“Chegamos!” Era o início das terras adquiridas pela companhia. O português Alberto Loureiro liderou a derrubada de árvores. Na clareira aberta, os homens construíram dois ranchos de palmito. Começava Londrina.“A visão sobre a caravana da Companhia de Terras faz parte de um processo de mitologização dos eventos originais”, diz o historiador e escritor Rogério Ivano, autor do livro Crônicas da fronteira. “Toda cidade tem seu acontecimento inaugural. Em Londrina calhou de ser uma caravana de pioneiros de diferentes nacionalidades, dentro do contexto de um mundo liberal. A caravana não é formada por militares, aventureiros, nem missionários, nem conquistadores.ão colonos trabalhadores. É uma diferença importante em relação a outros eventosfundadores, porque já antecipa o imaginário da região e o tipo de colonização que será feita aqui.”A caravana era chefiada por um jovem de 20 anos. “Eram tempos em que não existia o conceito de adolescência”, diz Ivano. “Com 16, 17 anos, já se era adulto.” Isso faz com que a cena da chegada ainda esteja muito vívida na memória da cidade. Aindahá pilivro Mensagem, Fernando Pessoa faz uma evocação poética do herói grego Ulisses, um dos mitos fundadores de Portugal: “O mytho é o nada que é tudo./ (...) Este, que aqui aportou, / Foi por não ser existindo. / Sem existir nos bastou. /Pornão ter vindo foi vindo / E nos criou.” A diferença é que o nosso mito fundador aconteceu de fato.Caboclos estavam aqui antes de 29 . Antes de 1929, a região hoje ocupada por Londrinanão era um vazio humano. Havia índios dispersos, grileiros e alguns poucos proprietários. As florestas também eram habitadas por comunidades de caboclos. “Os caboclos constituíam uma sociedade praticamente isolada do mundo civilizado”, afirma o historiador Rogério Ivano. “Eles viviam daagricultura de subsistência, eram nômades, misturavam tecnologias indígenas com hábitos de antigos escravos.”Muitos deles se dispersaram naturalmente com a chegada dos colonos em 1929. Outros foram incorporados às estratégias da Companhia de Terras. “Eles fornecemum princípio de ‘industrialização’ na região, porque eram exímios criadores de porcos”, ano. O picadão “Jathay-Sertão”, utilizado pela primeira caravana, possivelmentefora aberto para transportar varas de porcos até abatedouros na região de Siqueira Campos (Norte Pioneiro). Livro narra origem de cidades

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