Antigamente, o namoro era um ato sério e de muito respeito que envolvia a presença física dos familiares. Estes empenhavam-se fortemente para um futuro casamento. Os namorados tinham pouco contacto físico e o primeiro beijo levava semanas a ser concretizado. As expressões como "pois não, sinta-se à vontade", "a menina dá licença" e o tratamento "você" eram prática comum entre o casal. A honra da moça era sagrada e caso houvesse um rebento a gerar, as famílias apressavam o casamento na Igreja.
A partir dos anos 60 do séc. XX, os namorados passaram a ter mais liberdade no contacto físico, mas sempre com respeito. O namoro à janela passou a ser na rua. As moças iam à fonte ou ao Rio para serem contempladas pela rapaziada. Ganhar uma flor ou um piscar de olhos era um turbilhão de emoções no coração da donzela. Também a Igreja era palco de encontros amorosos. As moças iam ao terço com a devoção de serem vistas pela rapaziada que estava à conversa no muro da Igreja.
Como não havia telemóveis na época, os rapazes mandavam bilhetes a combinar o encontro ou simplesmente para deixar uma mensagem de amor.
Com a chegada das novas tecnologias e da liberdade, o ato de namorar assumiu novos contornos e apelidos como o "curtir, o ficar"... Para além de namorados, passaram a existir os "amigos coloridos". Deixou de ser obrigatório um pedido de namoro para ser o beijo o formalizador (ou não) de uma relação. O namorado passou a coabitar com a namorada o chamado "vivem juntos" para testar a seriedade da relação. Alguns chegam depois a casar por igreja e outros passam a estar "casados em união de facto".
E assim se diluiu a tradição no tempo...
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