Uma família da cidade foi morar numa aldeia remota. O casal, Luís e Mariana, levou consigo a mãe idosa de Mariana. Esta era uma senhora muito pequena e idosa. Ela tinha vivido muitos anos naquela casa à beira do lago, mas quando ficou mais velha e debilitada, a filha levou-a para a cidade. A velhinha já comia pouco, tinha dificuldades em andar e começava a esquecer-se das coisas, então a filha e o genro decidiram que ela não viveria muito tempo. Eles já estavam aposentados e acharam que seria bom enterrá-la na sua terra natal, ao lado dos seus antepassados. Afinal, ela já estava com quase 90 anos. Estavam dispostos a suportar os desconfortos rurais, já que acreditavam que a estadia seria curta e depois não teriam preocupações com o funeral.
A viagem até à aldeia não foi fácil, mas a velhinha aguentou bem. Havia poucos habitantes na aldeia, e o mercado mais próximo ficava a 3 km, com um sortimento limitado de produtos. Eles começaram a viver por lá. Luís pescava e Mariana cuidava da horta, colhia frutos silvestres e cogumelos na floresta, ervas para o chá. Reformaram a sauna antiga e um pequeno barco.
No início, a velhinha sentava-se sempre à janela, colocava os óculos e olhava para a relva no quintal, para o lago e para os lírios amarelos. Depois encontrou umas antigas botas e, com o auxílio de uma bengala, começou a sair para o alpendre. Um gato de rua passou a visitá-la e deitava-se no seu colo. Os dois ficavam juntos por muito tempo, com a velhinha acariciando o gato com sua mão pequena, enquanto ele repousava nas suas pernas magras. O sol os aquecia, os pássaros voavam, as borboletas esvoaçavam, os patos grasnavam no lago, e o resto era silêncio...
Logo, a velhinha começou a andar pelo quintal: as botas grandes, um lenço na cabeça, os óculos no nariz, pequenina, apoiada na bengala, movia-se aos passinhos. Assim, acabou por chegar até o lago, onde os patos pediam comida. A filha, Mariana, colocou galochas sobre as botas da mãe para que não molhassem, e a velhinha passou a ir todos os dias ao lago com um pedaço de pão para alimentar os patos e as crias. Eles comiam migalhas diretamente de sua mão, e a velha sorria. Estava feliz. Às vezes, Mariana a levava a passear no lago com o barquinho e dava-lhe uma cana para tentar pescar. A velhinha pescava um ou dois peixes e tratava de agradar o gato.
Assim passou o verão, o outono, e o inverno chegou. A velhinha continuava a sair bem agasalhada para o quintal e até varria o alpendre da neve com uma vassourinha. Não conseguia lidar com uma pá, mas a vassoura era suficiente. E lá ia ela, caminhando devagarinho com o gato num quintal coberto de neve. O apetite melhorou, começou a comer melhor, adorava chá de erva-cidreira, bolinhos de bacalhau, e um caldinho quente. Ia à sauna com prazer, adorava o calor. Mariana a esfregava e a velhinha ficava rosada pelo calor, parecia mais jovem - uma verdadeira beleza! E assim foram ano após ano...
Os filhos erraram nas …
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