sábado, 8 de fevereiro de 2025

TRAPALHADAS NO TEMPO , VEMOS PESSOAS QUE NÃO RECONHECEMOS MAIS!

 26 de janeiro de 2025


 



                - Tais Luso de Carvalho


        Pois é, a gente vai vivendo, a vida vai passando, e sempre aparecem pessoas que não reconhecemos mais. E os constrangimentos acontecem com mais frequência: de onde conheço esta criatura?

A pessoa sorri, vem falar… Que situação! E o clima do encontro, inevitavelmente cai. Minha tática é ficar enrolando até dar o clique na minha memória.

Pergunto o que ela tem feito, onde está residindo, como estão os filhos (que filhos?), perguntas rápidas à procura de um indício.

Quem é ela, pelo amor de Deus? - pergunto ao meu inconsciente.

Não poderia lhe dizer que o tempo passou e que não a reconheço. O tempo nos transforma, mas  seria indelicadeza.

Existem pessoas que ao envelhecer conservam os mesmos traços; a mesma fisionomia, às vezes mais bonita, como foi o caso de Caetano Veloso. 

Tenho uma tia incrível, a tia Isolda. Estávamos num supermercado, no recanto dos vinhos. Estava um pouco afastada dela, mas vi um senhor lhe fazendo uma consulta sobre os vinhos e me aproximei um pouquinho. Esse senhor lhe estendeu a mão para agradecer a dica, e perguntou:

- Dona Isolda, a senhora não está me reconhecendo?

Tia Isolda, mais do que depressa:

- Tais, olha só quem está aqui!! hahaha...

Assim mesmo, bem fingida e desnorteada, transferiu o drama para mim.

Consegui reconhecer a criatura, era o seu antigo vizinho! Reconheci o homem pela boca - tinha uma boca de peixe Baiacu! Não tinha como esquecê-lo. Não sei o que acontece, mas quando reconheço alguém é pela boca ou pelos dentes! Acho que me daria bem se trabalhasse num necrotério. Sou atenta a muitos detalhes, então salvei a titia da enrascada.

Porém, maior vergonha passei com minha melhor amiga de colégio que há muitos anos foi morar em Belo Horizonte. Casou-se e ficou por lá. E, com os filhos já adultos e formados, a família resolveu voltar para Porto Alegre. E certo dia, numa confeitaria...

- Oie, Taiiiis!!! Como estás amiga? Não estás me reconhecendo?

Meu Deus do Céu,  fiquei olhando para ela,  meio desnorteada.

- Pois  é  né...

- Sou a Claudinha!

- Báh, trocaste a cor dos cabelos, ficou difícil !

Nossa Senhora!! Piorou, foi um desastre.  A amiga engordou uns 30 quilos, as feições já não eram as mesmas e dei a desculpa dos cabelos? Foi trágico, embora minha intenção fosse boa.

Muito difícil esses encontros... a vida vai passando e a memória pouco ajuda.  Nem a boca, desta vez, reconheci!



Peixe Baiacu -  vizinho da tia Isolda...



 


45 comentários:

Nenhum comentário:

Postar um comentário