Sudão
Anistia Internacional pressiona o governo sudanês para libertar a mulher e anular a sentença condenatória. País segue a rígida lei islâmica
Sudanesa com véu islâmico em Kutum, no Sudão
(AFP)
Um tribunal sudanês condenou nesta quinta-feira uma mulher à forca
por apostasia (abandono da fé) depois que ela deixou o Islã e se casou
com um homem cristão. "Nós demos-lhe três dias para se retratar, mas
você insiste em não retornar ao islamismo. Por isso, condeno-a a ser
enforcada até a morte", disse o juiz a mulher, segundo a rede BBC.
Embaixadas ocidentais e grupos que defendem os direitos civis
pressionam o Sudão a respeitar o direito de Meriam Yehya Ibrahim Ishag
de escolher sua religião. O Sudão tem uma população majoritariamente
muçulmana e é regido pela lei islâmica. A imprensa local relata que a
mulher condenada está grávida de oito meses e por isso a sentença só
será realizada após dois anos.
O juiz também condenou a gestante a 100 chibatadas por adultério. Ele justificou que o casamento com um homem cristão não era válido e ela traiu a lei islâmica. No início da audiência, um clérigo islâmico falou com Meriam, que estava literalmente enjaulada no tribunal, por cerca de 30 minutos. O objetivo era forçá-la à renúncia do seu marido cristão e a volta ao islamismo. Ela não aceitou e, segundo relatos, calmamente disse ao juiz: "Eu sou cristã e eu nunca cometi apostasia".
O juiz também condenou a gestante a 100 chibatadas por adultério. Ele justificou que o casamento com um homem cristão não era válido e ela traiu a lei islâmica. No início da audiência, um clérigo islâmico falou com Meriam, que estava literalmente enjaulada no tribunal, por cerca de 30 minutos. O objetivo era forçá-la à renúncia do seu marido cristão e a volta ao islamismo. Ela não aceitou e, segundo relatos, calmamente disse ao juiz: "Eu sou cristã e eu nunca cometi apostasia".
A Anistia Internacional disse que Meriam foi criada como uma cristã
ortodoxa, religião de sua mãe, pois seu pai, um muçulmano, teria sido
ausente durante a sua infância. No tribunal, o juiz se dirigiu a ela
somente pelo seu nome muçulmano, Al-Hadi Adraf Mohammed Abdullah. Ela
foi presa e acusada de adultério em agosto de 2013 por ter se casado com
cristão e o tribunal acrescentou a acusação de apostasia, em fevereiro
de 2014. A Anistia disse que Meriam tem o direito de casar com quem
desejar, assim como seguir a religião que lhe convir, e deveria ser
liberada imediatamente.