Uma professora de
escola primária na França foi esfaqueada até a morte em frente à classe pela
mãe de uma aluna, informou a polícia.
O caso ocorreu na cidade de Albi, no sul do país. Fabienne Terral-Calmes, de 34
anos, foi atacada na escola Édouard Herriot, na manhã desta sexta-feira.
A suspeita, de 47 anos, foi presa em casa pouco depois do assassinato,
afirmaram as autoridades.
O Ministro da Educação da França, Benoît Hamon, que viajou ao
local do incidente, disse que a acusada aparentava ter "uma desordem
psiquiátrica séria".
Já o presidente francês François Hollande fez um apelo para que todos os
funcionários do Estado francês
"cuidassem dessas crianças e dos funcionários que testemunharam essa
horrível tragédia".
O ataque ocorreu no último dia de aula antes do recesso das férias de verão,
quando Terral-Calmes estava dando aula, em frente a alunos com idades entre
cinco e seis anos. A professora deixa dois filhos pequenos.
Como de costume, a mulher levou a filha à escola na última sexta-feira. Ali
tirou uma faca da bolsa e atacou a professora, gritando "Eu não sou uma
ladra", informou a TV francesa
France Info.
Terral-Calmes foi esfaqueada apenas uma vez, no peito ou no estômago, segundo
relatos diferentes das testemunhas.
O promotor de Albi Claude Derens foi um dos primeiros a chegar à cena do crime.
"Quando cheguei ao local, eles tentavam revivê-la", disse ele. "Ela teve uma parada cardíaca dentro da sala de aula".
Segundo a imprensa local, a suspeita já tinha ficha na polícia. Ela havia sido acusada de abandono de incapaz.
A revista francesa Le Point afirmou que a mulher, cujo nome não foi identificado, teria dito à polícia que cometeu o crime porque a professora "tratava mal" sua filha.
Mas um representante dos pais dos alunos da região negou que houvesse problemas entre a professora e a mãe da estudante. A menina, que teria entre cinco ou seis anos, estudava na escola havia apenas seis semanas.
Violência nas escolas
O correspondente da BBC em Paris Hugh Schofield disse que crimes contra professores são extremamente raros, mas o aumento da violência nas escolas causa grande preocupação no país.
Casos de violência já foram registrados entre estudantes, entre alunos e professores, mas há um aumento substancial de ataques de hostilidade entre pais e docentes, especialmente em escolas primárias.
Um relatório oficial divulgado neste ano mostrou que metade dos diretores de escolas primárias e jardins de infância sofreram agressões verbais de pais de alunos. Uma pequena parte desse grupo também contou ter sofrido agressão física.
O pretexto mais comum para o abuso é de que os pais discordam de uma eventual punição dada a seus filhos.
De acordo com o autor do relatório, os professores estão num nível de tensão tão alto que estão se afastando dos pais dos alunos – o que acaba por aumentar o nível de desconfiança e cria condições para mais hostilidade.
Os alunos que testemunharam o ataque estão recebendo acompanhamento psicológico.
Um porta-voz do Ministro da Educação disse que "essa tragédia confirma que há uma necessidade urgente para se lutar contra a violência dentro e fora das escolas, além de proteger essas instituições, os professores e os alunos".
Um em cada dez funcionários de escolas públicas na França afirma ter sofrido abuso ou ameaças no trabalho – uma taxa duas vezes superior a outras profissões, de acordo com um estudo recente do Insee (equivalente francês ao IBGE).
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