domingo, 21 de setembro de 2014

BATISMO DO JOVEM RAFAEL NO RIO JACUÍ, RS, ACABA EM MORTE LEVADO PELA CORRENTEZA !

Missionário convenceu21/09/2014 | 08h56

"Ele não queria ser batizado", diz pai de adolescente que desapareceu em rio


"Ele não queria ser batizado", diz pai de adolescente que desapareceu em rio Reprodução/Facebook

Demétrio Rocha Pereira

Antes de ser levado pela correnteza do Rio Jacuí na tarde de sexta-feira, no Rio Grande do Sul, o adolescente Rafael Carvalho, 15 anos, disse que não estava pronto para ser batizado. Andreza, 20 anos, narrou em telefonema para a mãe a relutância do irmão caçula em acompanhá-la. Batera à porta um missionário, visitando o interior de Restinga Seca para chamar ao batismo os dois filhos de Zenilda e Ildemar Carvalho, que, àquela hora, estavam fora de casa, trabalhando.

— A guria falou: "O mano não quer ir, disse que não está preparado". Depois me ligaram avisando que deu tragédia no rio, que era para eu ir logo. Tentei ligar para a minha mulher, mas ela tinha deixado o telefone em casa. Tentei ligar para o Rafael, e não chamou. Liguei para a Andreza, e ela atendeu chorando — conta Ildemar, recordando ter montado à motocicleta ainda sem saber quem havia caído no Jacuí.

Em romaria ao rio, foram Rafael e Andreza, uma cunhada de Ildemar com os dois filhos, mais o missionário e a esposa. Segundo Ildemar, é praxe que os batismos da igreja Casa do Senhor, frequentada pela família, sejam realizados pelo pastor em uma piscina térmica na cidade vizinha de Agudo. O missionário não teria recebido autorização da igreja para ministrar a cerimônia.

— Para dizer bem a verdade, ele era um dos melhores amigos do guri. Estava ensinando o Rafael a tocar violão, tinha muito carinho por ele. Todas as terças, faziam encontros aqui em casa. Para nós, ele era um herói. — relata Ildemar.

Enquanto uma equipe de mergulhadores do Corpo de Bombeiros de Santa Maria (RS) chegava para auxiliar nas buscas, Ildemar recomendava ao missionário que não se juntasse ao povo reunido à margem da água.

— A população poderia fazer alguma coisa... Minha mulher também está muito revoltada com ele. Mas não adianta querer fazer mal para os outros. Não descumpre o mal que aconteceu com o meu filho.

Ildemar fala do filho em tempo passado porque a família está desesperançada. Rafael teria caído em um local muito fundo do rio.

— Ele estava faceiro porque, neste ano, iria passar a oitava série e vir para o segundo grau aqui em Restinga. Queria entrar no meu ramo, de pedreiro, carpinteiro e pintor. Estava tentando trabalhar comigo, inclusive no trabalho de coveiro de cemitério. Nisso ele me ajudou na semana passada. O senhor veja: trabalho de coveiro e agora vou ter que enterrar o meu próprio filho.

Por falta de visibilidade, o Corpo de Bombeiros interrompeu as buscas do sábado às 19h. O trabalho recomeçou neste domingo, às 8h.

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