A história nos
mostra que a independência do Brasil (7 de setembro de 1822) é conhecida pelos
estudantes brasileiros. Dom Pedro I, às margens do Riacho Ipiranga (São Paulo),
proclama a separação do Brasil em relação ao país colonizador: Portugal. Que
lições podemos tirar dessa separação?
Durante mais de
três séculos (1500-1889), as terras brasileiras abasteceram de matérias-primas
seu principal colonizador e outros povos e nações da Europa que estiveram por
aqui. São produtos tropicais, riquezas do povo brasileiro, retiradas para
atender à sociedade europeia no contexto do capitalismo mercantil, ou seja,
açúcar, tabaco, algodão, cacau, anil, madeiras. A pergunta que pode ser feita
é: o que mudou, em termos econômicos e sociais, na realidade de hoje?
Outras independências
A realidade mostra que o Brasil é o país mais
desigual da América Latina. Metade da riqueza brasileira pertence aos 10% mais
ricos (50,6%), enquanto os 10% mais pobres levam apenas 0,8% dos recursos do
país.
No nosso país, 55 milhões são jovens entre 15 e 29
anos, dos quais 31% são considerados miseráveis, com uma renda per capita
familiar inferior a meio salário mínimo, e outros 54% com renda entre meio e
dois salários mínimos.
A sociedade em geral aceita o discurso das elites
que sempre elogiam o povo brasileiro como pacífico, ou seja, nada de reclamar,
exigir direitos, defender medidas concretas que beneficiem a todos. Não é,
então, uma constatação sem fundamento a afirmação da ONU de que o Brasil é o
país mais desigual de toda a América Latina. A própria atividade política é uma
das maiores fabricantes de ilusão. Concretamente, uma delas é o mito da
igualdade racial. Temos no Brasil cidadãos de primeira e segunda classes,
embora a Constituição afirme a igualdade de todos perante a lei.
O que se espera?
Aguarda-se uma reação por parte da população que
vive uma situação de injustiça ao constatar que não dispõe de uma moradia
decente, emprego, atendimento à saúde, escola de boa qualidade para todos. A
violência física campeia solta. As camadas mais ricas se protegem com cercas
elétricas, alarmes, muitas grades, planos de saúde...
A violência inclui outros nomes concretos: desemprego, má distribuição de renda, proliferação dos grandes latifúndios, expulsão do homem do campo, destruição do meio ambiente, falta de saúde do povo, presença de menores carentes e abandonados.
A violência inclui outros nomes concretos: desemprego, má distribuição de renda, proliferação dos grandes latifúndios, expulsão do homem do campo, destruição do meio ambiente, falta de saúde do povo, presença de menores carentes e abandonados.
No momento, somos a oitava economia do mundo, à
frente do Canadá e da Rússia. O que esta classificação representa
concretamente? Precisamos de mais utopia ao lembrar a nossa independência. O
que parece inalcançável hoje serve como ânimo para que não deixemos de
caminhar, de exigir nossos direitos em direção a uma nação mais igualitária, já
que a realidade está em permanente mudança. Assim, a nossa independência é um
processo que continua atual dentro da nossa história.
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