No dia 14 de março de 2012, um grande
aparato policial expulsou 30 famílias que moravam no fundo de vale do Ribeirão
dos Tucanos, nas ruas Bélgica e Turquia (zona sul). Na época, o então
secretário municipal de Governo, Marco Cito, disse que a operação era
consequência de sentença de reintegração de posse emitida pela 9ª Vara Cível.
Posteriormente, o advogado Louriberto Gonçalves, contratado por 15 famílias de
despejados, entrou com uma ação de manutenção de posse, tornada nula em seguida
em primeira instância. Ontem, o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ) cassou a
sentença de nulidade devolvendo aos despejados o direito de lutar para voltar
às suas terras.
Louriberto Gonçalves é especialista
em Direito Ambiental. Ele garante que a ação de despejo de 2012 não tem
fundamento, pois todos aqueles que tinham chácaras na área sempre mantiveram,
com sobras, a faixa de Área de Preservação Permanente (APP) ao longo do
Ribeirão dos Tucanos. “Creio que deve prevalecer esta decisão do TJ, ainda que
a prefeitura alegue alguma coisa. Nossa ação é anterior e o TJ reconheceu a
nulidade da decisão do juiz de primeiro grau. Desta forma, como reconheceu o
TJ, retorna o direito de ampla defesa daqueles que requerem seus direitos em
juízo, ausentes em 2012, como reconhece a decisão de hoje”, disse Louriberto.
A decisão animou os despejados, como
Antônio Pedro Ferreira, 75 anos, e Sebastião Piza Campos, 46 anos, que moravam
no local há mais de 20 anos e tiravam o sustento da família nas pequenas
chácaras. Louriberto Gonçalves pretende se reunir com a Prefeitura para uma
audiência de conciliação.
Despejados querem voltar às suas
terras
O agricultor Antônio Pedro Ferreira está em Londrina desde sempre e
conta que a área onde moravam as 30 famílias foi concedida pela Prefeitura de
Londrina. “Temos testemunhas que a gente pode levar para falar. Isso aqui era
tudo mato e nós construímos a casa e plantamos de tudo”, disse Ferreira, que ainda
hoje cuida de 550 pés de café e pés de frutas como manga, laranja e banana,
cultivados no fundo de vale, mesmo obrigado a improvisar moradia longe. “Venho
trabalhar quase todos os dias. Tenho esperança de voltar, se Deus permitir, a
morar e cuidar daqui. Tinha uma casa de 120 metros quadrados de alvenaria que
derrubaram, sem ordem, no peito, com a polícia cercando tudo. A gente, como não
é do mal, não queria encrenca”, disse o agricultor.
Sebastião Piza Campos ficou 22 anos na pequena chácara até ser jogado na rua com a família como um cachorro, conforme ele. ”Vieram aí, com polícia, guarda municipal, e extrapolaram. Botaram a casinha abaixo. As crianças que estudavam aqui [Instituto de Educação Infantil e Juvenil que fica em frente à área] agora têm que andar seis quilômetros para vir à escola em um caminho perigoso.” Sebastião diz ainda que depois do despejo a esposa perdeu o emprego. Foi ela mesma quem “arrumou uma casinha” no Conjunto Maravilha. “Mas lá não vira”, diz ele, que prossegue narrando seu drama. “Tenho uma aposentadoria de R$ 724. Não dá. Aqui a gente criava e vendia galinha e ovos. Tirava da terra o dinheiro para estudar as crianças e no futuro colocar em uma faculdade. Lá onde estamos, até os filhos estão ficando muito rebeldes e aqui não era. O despejo desagregou tudo, inclusive a saúde, deprimiu a família. A gente vivia feliz aqui e queremos voltar.”
Sebastião Piza Campos ficou 22 anos na pequena chácara até ser jogado na rua com a família como um cachorro, conforme ele. ”Vieram aí, com polícia, guarda municipal, e extrapolaram. Botaram a casinha abaixo. As crianças que estudavam aqui [Instituto de Educação Infantil e Juvenil que fica em frente à área] agora têm que andar seis quilômetros para vir à escola em um caminho perigoso.” Sebastião diz ainda que depois do despejo a esposa perdeu o emprego. Foi ela mesma quem “arrumou uma casinha” no Conjunto Maravilha. “Mas lá não vira”, diz ele, que prossegue narrando seu drama. “Tenho uma aposentadoria de R$ 724. Não dá. Aqui a gente criava e vendia galinha e ovos. Tirava da terra o dinheiro para estudar as crianças e no futuro colocar em uma faculdade. Lá onde estamos, até os filhos estão ficando muito rebeldes e aqui não era. O despejo desagregou tudo, inclusive a saúde, deprimiu a família. A gente vivia feliz aqui e queremos voltar.”
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