Regina Navarro Lins
Respondendo a
questão: É, ou não?...Eis a questão!
Uma enquete da semana , feita na internet,
acredita que não sentir ciúme é falta de amor. A qualquer momento,
inesperadamente, pode surgir o ciúme numa relação amorosa: na fase da
conquista, no período da paixão, durante o namoro ou casamento e até mesmo
depois de tudo terminado. Alguns o consideram como universal, inato. Outros,
entre os quais me incluo, acreditam que sua origem é cultural, mas é tão
valorizado, há tanto tempo, que passou a ser visto como parte da natureza
humana.
A revolução
sexual dos anos 60 irrompeu no Ocidente trazendo a separação definitiva entre
sexo e reprodução e, consequentemente, a igualdade de condições entre homens e
mulheres nessa área. No entanto, com toda a liberação, e ao contrário do que se
poderia supor, o homem ficou mais ciumento e a mulher passou a expressar ciúme
na mesma intensidade que ele.
Pesquisa feita
nos Estados Unidos comprovou que nenhum dos sexos é mais ciumento que o outro —
embora se comportem de maneira diferente. As mulheres em geral são mais
propensas a fingir indiferença, enquanto os homens, com mais frequência
terminam um relacionamento quando sentem ciúmes, acreditando que assim
recuperam sua autoestima e reputação.
Mas por que o
ciúme é aceito como fazendo parte do amor? Por que se defende a sua presença
numa relação amorosa, mesmo sabendo que o preço a pagar é tão alto?
Esse risco, que
é verdadeiro na infância, continua sendo alimentado por uma educação que não
permite aos jovens se desligar da dependência emocional dos pais. Quando surge
uma relação amorosa, eles passam de uma dependência para outra.
Agora, por
conta de todo o condicionamento cultural, é através da pessoa amada que se
tenta satisfazer as necessidades infantis. Reeditando a mesma forma primária de
vínculo com a mãe, o antigo medo infantil de ser abandonado reaparece e a
pessoa amada se torna imprescindível. Não se pode correr o risco de perdê-la. O
controle, a possessividade e o ciúme passam, então, a fazer parte do amor.
Quando a pessoa
consegue elaborar bem a dependência infantil e também se libertar da submissão
aos valores morais, se percebe menos ciumenta. Ao mesmo tempo que deixa de
considerar falta de amor se o parceiro (a) não manifesta ciúmes.
Caso contrário,
é difícil ter autonomia suficiente e podem reaparecer as antigas inseguranças,
com exigência de exclusividade no amor. Como são poucos os que se sentem
autônomos, observa-se uma busca generalizada de vínculos amorosos que permitam
aprisionar o outro, mesmo à custa da própria limitação.
A questão do
ciúme também está ligada à imagem que cada um faz de si. Quem tem a autoestima
elevada e se considera interessante e com muitos atrativos não supõe que será
trocado com facilidade. E se a relação terminar, sabe que vai ficar triste e
sentir saudade, mas também sabe que vai continuar vivendo sem desmoronar.
Em suma: Se
houver amor é natural que se sinta ciumes. Quando ninguém se preocupa, ambos
não ligam, cada um faz o que quer, sai com quem quer...aí a situação está feia
e as afeições se escapam e parece que o amor se distancia...ficar por ficar,
andar juntos por andar, e se suportar pelas estradas da vida!
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