Hyury Potter
No centro do conflito entre manifestantes e a tropa de choque da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na BR-282, em Xanxerê, terça-feira de tarde, o advogado Avelino Bortolon Jr, 39, fala sobre como chegou a ser detido por agentes e reclama do que ele chama de abuso de autoridade contra os caminhoneiros, que protestam há uma semana, principalmente por causa do aumento do combustível. Assessor jurídico da prefeitura de Coronel Freitas, município a 50 quilômetros de Xanxerê, Avelino advoga na região e também é professor de Direito Penal na Unoesc. Ele explica que ficou mais de duas horas detido pela PRF na tarde de terça-feira e que deve tomar medidas contra a corporação pela forma como foi tratado.
De acordo com a assessoria de imprensa da PRF-SC, todas as ações foram coordenadas pelo superintendente da polícia, Silvinei Vasquez, e que a tropa de choque da PRF só utilizou a força porque alguns manifestantes teriam jogado pedras contra os agentes.
Entrevista: Avelino Bortolon Jr
DC - Algumas imagens mostram o senhor discutindo com um agente da PRF. Foi esse o motivo da detenção?
De acordo com a assessoria de imprensa da PRF-SC, todas as ações foram coordenadas pelo superintendente da polícia, Silvinei Vasquez, e que a tropa de choque da PRF só utilizou a força porque alguns manifestantes teriam jogado pedras contra os agentes.
Entrevista: Avelino Bortolon Jr
DC - Algumas imagens mostram o senhor discutindo com um agente da PRF. Foi esse o motivo da detenção?
Avelino Bortolon Jr - Eles inicialmente falaram que era prisão, mas eu não cometi crime algum, então depois de quase duas horas no camburão, me levaram para a delegacia de Xanxerê, onde fiquei mais 40 minutos. Não sabiam como eu seria enquadrado, então fizeram um Termo Circunstanciado, de menor potencial ofensivo, para eu prestar esclarecimentos em uma audiência.
DC - Do que o senhor foi acusado nesse Termo Circunstanciado?
Avelino Bortolon Jr - Nem sei te dizer. Isso não ficou claro até agora.
DC - Como o senhor chegou ao local onde estava ocorrendo o bloqueio?
Avelino Bortolon Jr - Fui chamado por amigos e alguns caminhoneiros para ajudar a evitar um problema maior, pois já tinham avisado que tinha helicóptero e tropa de choque no local, e que o confronto era iminente. Quando cheguei, por volta das 18h, tentei conversar, mas o policial começou a me ameaçar. Então eu me deitei no chão e outros motoristas fizeram o mesmo, para mostrar que o protesto era pacífico.
DC - Qual foi a reação dos agentes da PRF?
Avelino Bortolon Jr - Ele disse que ia me prender e dei voz de prisão por abuso de autoridade. Além disso, pedi a presença do presidente da OAB-SC, ele riu e me jogou no chão e me algemou. Várias pessoas foram agredidas mesmo estando no chão. As imagens comprovam isso.
DC - O senhor pretende tomar alguma atitude legal?
Avelino Bortolon Jr - Recebi ligações do presidente da OAB do Estado e de Xanxerê me informando que a entidade vai emitir uma nota de desagravo contra a ação da PRF, pedindo uma retratação. Além disso, vou encaminhar todos os documentos e imagens para a corregedoria da PRF e ao MPF. Também estou avaliando se entro com uma ação por dano moral.
DC - O senhor está oficialmente representando os caminhoneiros?
Avelino Bortolon Jr - Ninguém entrou em contato comigo, mas se eu for acionado, ajudarei no que puder.
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