domingo, 19 de abril de 2015

PALEONTÓLOGOS DA USP : EM MINAS GERAIS HAVIA MAR ! ACREDITA ?

Paleontólogos da USP e Unesp descobriram que, há 550 milhões de anos, um mar raso chegava até as terras mineiras
Paleontólogos da USP e Unesp descobriram que, há 550 milhões de anos, um mar raso chegava até as terras mineiras







24/07/2014 - 13H07/ ATUALIZAJá dizia o ditado: o sertão vai virar mar. Não sabemos dizer se o evento profético realmente ocorrerá no futuro, mas um grupo de geólogos e paleontólogos da USP e da Unesp confirmaram que, no passado, uma enorme porção do interior do Brasil já foi coberta por um mar raso. “Essa deve ter sido a última praia que Minas Gerais teve”, brinca o geólogo Lucas Warren, da Unesp, em entrevista à FAPESP.
A equipe liderada por Warren descobriu na região de Januária (MG) fósseis da espéciecloudina incrustados em um paredão de rochas sedimentares. O extinto animal, que media até três centímetros, foi um dos primeiros a apresentar exoesqueleto, e viveu na Terra entre 550 e 542 milhões de anos atrás. Seu hábitat era o solo de mares rasos – o que permite concluir, quase com total certeza, que um braço de mar com cerca de 10 metros de profundidade cobria o território naquele período.
A área faz parte do chamado Grupo Bambuí, formação sedimentária da bacia do rio São Francisco que se estende por cerca de 300 mil quilômetros, e abrange também Bahia, Goiás, Tocantins e Distrito Federal. Outras evidências também foram encontradas pelos paleontólogos. “Também achamos ao menos três fragmentos atribuídos ao gênero Corumbella e rastros em rocha deixados provavelmente por um animal de corpo mole”, ambos indicativos da existência deste mar.

Há cerca de 550 milhões de anos, os continentes tinham uma configuração muito diferente da atual. A América do Sul, a África e a Antártida estavam unidas entre si em um mega-continente chamado Gondwana, e os pesquisadores acreditam que o braço de mar tenha derivado de um antigo oceano batizado de Clymene, que separava o Gondwana da atual Amazônia. A descoberta, publicada em um artigo na revista Geology, é uma importante peça para a difícil tarefa de montar o quebra-cabeça de uma evolução geológica que ocorreu há centenas de milhões de anos.


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