São transcorridos 61
anos, era numa manhã, o país estava boquiaberto com a
notícia de que o presidente Getúlio Vargas tinha dado um tiro no próprio peito
e acabara de morrer, em seu quarto no palácio do Catete.
Houve muita tristeza, dor e as consequências daquele gesto.
Quanto à dor, era notada nos olhos dos homens mais
velhos, sobretudo lá, no bairro operário de Realengo.Mas as consequências, mesmo sem saber por muito tempo - foram catastróficas para o país.
Era bem jovem em Centenário do Sul, e a gente ouvia falar , pessoas simples de lugar pequeno, dá pra sentir que éramos como sujeito e não mais como mero objeto, de sua trajetória.
Getúlio tinha gestado esse sentimento de Nação e o pariu, finalmente, tendo um tiro como vagido inaugural.
Sim, talvez falte aqui a coisa que eu mais admiro nos norte-americanos (e que, ao que parece, também começa a escassear por lá): o orgulho por nossa caminhada comum, por nossos antepassados, pelos que nos trouxeram ao que somos hoje.
O atraso e as carências de nosso país, decerto, são responsáveis por isso, por tantos que acharam ou acham que tudo o que se fez aqui é fracasso e não parte e pedaço de nossa tentativa de sermos uma flor tardia da civilização.
O que somos é fruto do que pudemos ser, e o que seremos é algo que não se pode prever, mas que nunca se deve parar de sonhar.
Nem há dois séculos somos um país, nem há um só somos uma Nação, e é por isso que há tanta e tão barulhenta e arrogante gente que veja ainda como colônia, por incapazes.
Não querem que o povo seja independente, escreveu Vargas em sua carta-testamento.
E isso não mudou ainda, depois de tantos anos.
Ainda vale nossas vidas.
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