quinta-feira, 26 de novembro de 2015

FAMÍLIA DENUNCIA HOSPITAL POR NEGLIGÊNCIA EM MORTE DE JOVEM EM TOMOGRAFIA!




Fabiana Marchezi

Colaboração para o UOL, em Campinas (SP)



Segundo o pai de Petra, o hospital foi negligente ao realizar o exame com contraste. "Nós informamos que ela era alérgica a poeira, ácaro e pelo de cachorro. Tanto que ela entrou com uma fita vermelha para fazer o exame. Essa fita indica que a pessoa tem algum tipo de alergia. Mesmo assim, o hospital utilizou o contraste iodado sem avaliar os riscos", disse.
O hospital disse, em nota, "a paciente e família não tinham o conhecimento de que esta possuía restrições e comprometimentos alérgicos quanto ao contraste" quando preencheram a documentação exigida para a realização do exame.
A Polícia Civil abriu um inquérito nesta quarta-feira (18) para investigar o caso. O Devisa (Departamento de Vigilância em Saúde) da cidade também investiga a morte da estudante.
O pai acredita que o fato de a filha preencher o questionário e informar que tinha alguma alergia e que não sabia se teria reações ao composto já deveria ter levado o hospital a adotar medidas mais cautelosas para o exame. Entretanto, segundo o médico Conrado Cavalcante, radiologista e consultor da Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica), as alergias citadas pela estudante no questionário, em princípio, não seriam contraindicação para o uso do contraste. "Se fosse o caso de uma asma, por exemplo, aí sim seria indicado fazer a dessensibilização com antialérico", explicou.
Segundo ele, o preenchimento do questionário e uma entrevista com o radiologista responsável são o procedimento padrão para a realização do exame. "O radiologista é quem define se o contraste será ou não usado, com base em um questionário e na conversa com o paciente. Além disso, não é qualquer tipo de alergia que impede o uso do composto. É preciso avaliar caso a caso", afirmou.
O pai da estudante está disposto a realizar uma campanha para que haja uma lei que obrigue os médicos a não aplicarem contraste caso tenham dúvidas se o paciente é ou não alérgico. "Espero que a morte de minha filha não seja em vão. Vou lutar para que outras vidas não sejam perdidas pelo mesmo motivo", disse Heleno.
De acordo com o delegado José Carlos Fernandes, do 1° Distrito Policial, médicos e funcionários que atenderam a estudante serão ouvidos. "Temos 30 dias, mas estamos empenhados em esclarecer o caso o quanto antes. Além das oitivas, vamos analisar documentos e laudos", afirmou o delegado.

O caso

Petra morreu na segunda-feira (16) após passar por uma tomografia computadorizada no hospital. Ela, que fez o exame para descobrir a origem de uma dor de garganta que não melhorava com tratamento, teve um choque anafilático --reação alérgica ao contraste iodado utilizado no exame.
Petra já estava internada na unidade, quando passou pelo procedimento no último sábado (14). A paciente foi socorrida por um médico alergologista assim que foram percebidas as primeiras reações do início de choque anafilático e transferida para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Ela teve morte cerebral às 14h56 desta segunda-feira (16).
Em nota, o Hospital Vera Cruz informou que está em permanente contato com as autoridades da Saúde Pública e do Poder Público prestando assim, todas as informações necessárias. "Em momento oportuno, o Hospital Vera Cruz deverá fornecer as informações de caráter mais conclusivo à opinião pública através da Imprensa", informou o comunicado.

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