terça-feira, 21 de agosto de 2018

BLOG DE LITERATURA: BELÍSSIMA OBRA "O MEU DEUS É UM DEUS FERIDO"-TOMÁS HALÍK!
















«Ali, em Madrasta, tornou-se-me, para sempre, óbvio o seguinte: não tenho o direito de professar a fé em Deus, se não tomar a sério o sofrimento dos meus próximos e vizinhos. Uma fé que prefere fechar os olhos perante a dor humana é apenas uma ilusão ou ópio… Mas uma coisa é ainda muito importante: na percepção da dor que há no mundo, não podemos centrar-nos apenas nos "problemas sociais", mesmo que este tipo de sofrimento brade, com razão, à consciência moral do mundo e de cada um de nós, e a sua voz não deva deixar de se ouvir» (O meu Deus é um Deus ferido, p. 17-18).

Ao receber a notícia, em março de 2014, de que lhe fora atribuído o Prémio Templeton 2014, Tomás Halik alegrou-se por esta nomeação ter coincidido com o primeiro aniversário do pontificado do papa Francisco, a quem ele louvou por ter introduzido a «cultura da proximidade» na Igreja atual.
Essa cultura foi o que ele procurou transmitir no livro Dotkni se ran [Tocar as feridas] (2008), agora editado pelas Paulinas Editora com o título O meu Deus é um Deus ferido. Trata-se de uma profunda reflexão sobre o «evangelho de Tomé» (Jo 20,19-29), tendo como pano de fundo os problemas do nosso mundo: a miséria social e a pobreza espiritual. Estes problemas, precisamente, são a «chagas» de Cristo que é preciso tocar. «Se os ignoramos - diz o nosso autor -, não temos o direito de proclamar: "Meu Senhor e meu Deus".»
O padre e filósofo Tomás Halik tornou-se conhecido internacionalmente pelo seu empenho num diálogo construtivo com os não-crentes, ou com os crentes de outras tradições religiosas. (Precisamente por esse compromisso na promoção dos valores espirituais, veio a receber o Prémio Templeton.) Esse empenho bebeu-o ele dos seus professores, sacerdotes perseguidos que passaram muitos anos nas prisões e campos de trabalho comunistas, onde aprenderam o valor do diálogo com o outro não crente (ou não cristão), e que esperavam e sonhavam com uma Igreja purificada, com uma Igreja sem triunfalismo e ao serviço dos pobres e oprimidos. Afinal, com a Igreja de Francisco.

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