No Salão do Automóvel de Frankfurt deste mês, a Lamborghini apresentará um supercarro híbrido V12, chamado Siån.
A marca de Bolonha, na Itália, vai fabricar 63 deles, todos já encomendados.
A Lamborghini havia dado pistas sobre sua importância nos últimos meses e descrito em detalhes como esses projetos especiais fazem parte do negócio. Embora não confirmados, as primeiras informações precificam o carro em cerca de US$ 3 milhões – uma quantia astronômica, embora cada vez mais comum.
“O Reventon provocou uma grande discussão sobre as dimensões desse segmento”, disse Maurizio Reggiani, engenheiro-chefe da Lamborghini, em entrevista à Bloomberg em seu escritório na sede da empresa, observando que a Lamborghini “iniciou” o segmento com seu Lamborghini Reventon em 2007. “Fomos os primeiros a fazer desse modo. À medida que exploramos cada vez mais durante esse período, começamos a ver como, nesse mercado, você pode esticar em termos de preço e demanda. O cupê Reventon saiu por US$ 3 milhões; o [Reventon] roadster, por US$ 3,2 milhões; o Centenario, por US$ 2 milhões. Portanto, neste segmento, sabemos que existe um mercado maravilhoso.”
O Reventon, com motor V12 e tração nas quatro rodas, atingiu 320 km/h em um teste em Dubai, uma velocidade surpreendente para um carro em produção na época. Apenas 20 foram fabricados, mais um destinado para o museu Lamborghini.
Caso aconteça, o novo híbrido se juntará a um campo florescente de supercarros híbridos e elétricos de edição extremamente limitada de gigantes de luxo como Aston Martin, Ferrari, Koenigsegg, Lotus, Mercedes-Benz e Pininfarina. Os modelos foram ostentados recentemente em tons deslumbrantes em campos de golfe e durante festas particulares em vilas à beira-mar, anunciadas nas contas de fãs do Instagram e desfiles do Rodeo Drive orquestrados para o YouTube.
Se antes as montadoras costumavam ter apenas um em “toda sua existência” ou no máximo um por ano, agora parecem que estão acelerando a todo vapor. Nos últimos 12 meses, somente a Aston Martin estreou e prometeu vários supercarros: o superleve Valkyrie de 1.160 cavalos de potência e os híbridos Valhalla, de 986 cv, além dos carro-conceito Vanquish Vision e Valkyrie AMR Pro, sem mencionar as ofertas elétricas de seu departamento Lagonda. Esses modelos seguem os supercarros One-77 e Vulcan de anos anteriores. É um cenário bem diferente do que costumava ser uma pequena montadora sóbria e escondida nas colinas verdejantes da região de Cotswolds, na Inglaterra.
Muitos supercarros, como o híbrido Mercedes-AMG Project One, de US$ 2,72 milhões, baseado no carro de Fórmula 1 da Mercedes, são vendidos como carro-conceito ou protótipos grosseiros e exigem depósitos de seis ou sete dígitos com antecedência para garantir a entrega. Outros são vendidos com menos ainda – alguns esboços, uma renderização. Isso se você conseguir entrar na lista para comprar um. O slogan oficial da maioria, como a Lambo, é que os modelos esgotaram antes mesmo de serem vistos.
Alguns colecionadores estão começando a achar a ladainha bastante tediosa.
“Precisamos de um despertar e de uma limpeza em breve para que todos voltem à realidade”, diz Dan Kang, o conhecido colecionador de carros do sul da Califórnia, dono de um McLaren Senna, um Guntherwerks Porsche 911 e um Lamborghini Centenario, entre outros supercarros. “Nem são as novas empresas, mas também as marcas tradicionais, que sentem que podem exigir os novos preços sem muita substância. Elas precisam apoiar o que já venderam – e não o [carro] que podem vender a seguir.”
Quando os fabricantes estão lançando carros que não podem ser dirigidos por muitos anos no futuro e as próprias pessoas que podem comprá-los estão animadas de qualquer maneira, isso levanta a questão: chegamos ao ápice do supercarro?
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