domingo, 14 de junho de 2020

POR QUE NÃO ACREDITO: "FAMÍLIAS NEGAM COVID-19 EM CAUSA DA MORTE DE PARENTE!

Nova Friburgo tem a terceira morte por covid-19; casos confirmados sobem para 43
Acreditar em quem?                        



Nas últimas semanas, familiares de pessoas que podem ter morrido de Covid-19 vêm contestando o diagnóstico. As narrativas apontam para cenário de inconsistência nos protocolos, desinformação, medo, disputas políticas locais e discriminação social.

Gilson Abreu/AEN

Gilson Abreu/AEN
Em 13 de maio, Guarapuava (PR) informou que, atendendo à
   Secretaria de Saúde do Estado do Paraná e com base em 
resultado negativo de teste PCR, procedia à exclusão do óbito
   de Francisco Marcondes Ramos, 68, do boletim de mortes
por Covid-19.

Francisco falecera em 21 de abril. Durante a internação, dois testes
      rápidos deram positivos para o novo coronavírus. Entrou na
               estatística como o primeiro óbito no município.

Na data do funeral, uma das filhas publicou no Facebook que "o velório
foi normal". "Não estamos em isolamento. 
Não temos nenhuma orientação."

Seguiu-se na rede social uma discussão acalorada, com 
críticas à imprensa e comentários como "agora é 
tudo coronavírus", "politicagem e muito dinheiro por trás de tudo".

Dois dias depois, o secretário de Saúde do município corroborou a
 inclusão do óbito como Covid, "encerrando a polêmica", que,
 no entanto, perdurou ainda três semanas até o desmentido estadual.

Eli Cristine Ramos, 24, filha do aposentado, disse que, após o post, 
a família recebeu orientação e ficou em isolamento. 
Todos testaram negativo.

Os testes PCR são mais eficazes se as amostras forem colhidas
 até o 5º dia do início dos sintomas, caindo para 40% de
 precisão após esse prazo. Na prática, um teste PCR
 positivo é definitivo. E o negativo não afasta o diagnóstico.

Foi com base em exame negativo, recebido pouco depois
 do sepultamento, que a família de Claudionam Nascimento 
conseguiu, no Pará, autorização para a  exumação do corpo 
e para fazer um velório.

Advogado recém-chegado de Manaus (AM) a Juruti (PA),
 Claudionam foi internado com sintomas sugestivos
 de Covid-19. Transferido para Santarém (PA), faleceu 
em 1º de abril. O funeral, no cemitério de Juruti, foi feito
 com a família a distância e o corpo em uma caixa de
 zinco lacrada. O segundo enterro ocorreu  menos de
 24 horas após o primeiro.

No Acre, Francisca Gomes, 73, foi internada com sintomas 
respiratórios no hospital de Feijó, onde morava. 
O teste rápido deu negativo. Com a piora, foi levada para
 Cruzeiro do Sul, polo regional a 278 km, onde faleceu em 
21 de maio. Impedida de transladar o corpo para Feijó, 
a neta, com o resultado negativo do teste, contestou o 
hospital por enviar o caixão para enterro imediato.

O diretor clínico do hospital onde Francisca morreu
 esclareceu que há protocolo do município com o Ministério
 da Saúde que determina que não haverá translado
 de corpos no caso de óbitos pela pandemia
Disse que o quadro da paciente era  sugestivo da Covid-19.

As diretrizes da Anvisa afirmam que testes rápidos 
(IgM/IgG), de sangue 
ou plasma, não têm valor diagnóstico (confirmação ou
 descarte). 
"Diversos fatores influenciam os testes, tais como a 
sensibilidade/ especificidade e a condição do
 paciente (resposta imunológica)", diz a norma.

Geizimara da Silva Gomes, 21, faleceu em 9 de abril, 
em Campo Mourão (PR). 
Tinha asma. Dias depois, diz a família, o resultado deu negativo.
A causa da morte é critério e responsabilidade do médico.
Entre óbitos, feridos e enlutados, emoldurada por 
inconsistências e incertezas de toda ordem, a Covid-19 segue 
no Brasil sua trágica marcha.
Fonte + Etel Frota - Folhapress

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