O leão e o macaco
O leão, o rei dos animais, convocou todos os bichos a uma assembleia geral para
tratar de assuntos graves. Acudiram (foram) estes ao convite, que consideravam
grande honraria. E o leão lhes disse: “Prestantes e estimadíssimos vassalos
capachos, convidei-vos para que me tirásseis de uma dúvida cruel: há muito que
quero saber se o meu bafo ou fede ou cheira; vou consultar-vos a cada um em
particular”. Dito isso, tomou-os um por um, e os consultou. Aos que diziam que fedia,
ele falava: “Insolente! tens o atrevimento de dizer que fede o bafo de teu rei ? !”
tornava-lhes o leão, e logo os matava. “Adulador! pois tens cara de dizer-me a mim,
que o meu bafo cheira, dizia aos que mentiam para lisonjeá-lo; não gosto de quem
quer me enganar!” E os matava. Chegou a vez do macaco: Meu Rei, há de Vossa
Majestade perdoar-me, disse o espertalhão; ando há quinze dias com um resfriado
horrível; saí da cama há pouco e apresentei-me, só para não faltar à devida
obediência; mas não estou em estado de perceber cheiro algum. E o Leão riu-se da
malandragem e sutileza do macaco; e este foi salvo.
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